Entre 2001 e 2002, um dos meus primeiros jogos para PlayStation (PS1) foi ‘Tony Hawk’s Pro Skater’ (1999). O jogo proporcionava garantia de horas de diversão com a minha irmã mais velha – na época, uma pré-adolescente, e eu, uma criança. E não somente pelas manobras, as pistas, os cenários urbanos ou os conhecidos skatistas que hora ou outra apareciam em algum programa do canal MTV, mas o game conquistava, principalmente, pela icônica trilha sonora, composta por gêneros como punk rock, hardcore, metal e um pouco de hip hop. Vinte anos depois, ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1+2‘ revive os “saudosos bons tempos” e de modo ainda mais desafiador.
O título é a remasterização (ou remaster) dos dois primeiros lançamentos da clássica franquia de skate da Activision. Com lançamento multiplataforma, ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1+2’ retorna com todas as pistas e personagens das versões originais, além de grande parte da extraordinária trilha sonora. E mesmo com a nostalgia, o novo jogo protagonizado pelo considerado “maior skatista de todos os tempos” tem como o maior acerto mirar no passado para reinventar uma versão para a nova geração.

‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’: de volta às origens, mas mais desafiador
‘Tony Hawk’s Pro Skater 1+2’ segue a mesma estrutura – sem tirar e nem pôr – dos dois primeiros games da série. As músicas, os skatistas, as pistas e as manobras, enfim, tudo está de volta neste compilado repaginado, em que o objetivo é cumprir uma lista de atividades em diferentes pistas, jogando em sessões curtas de dois minutos. Entre as missões mais comuns estão: adquirir as pontuações mais altas, coletar itens pelo mapa e/ou conseguir fazer combinações de manobras – tudo isso separado em 17 níveis (e mais dois secretos) diferentes e em vários locais bem urbanos, como Miami, Nova York e São Francisco.
E mesmo com o gameplayoriginal, o jogo incorpora alguns comandos e funções que chamaram a atenção no (horroroso) ‘Tony Hawk’s Pro Skater 5’ (2015), como os wallplants (pular em uma parede e usar as mãos para se ejetar na direção contrária) e outras manobras. No entanto, o jogo é inteligente ao permitir aos fãs mais puristas uma opção de “desligar” as inovações e limitar à jogabilidade original dos gamesda série.

Além da jogabilidade precisa, outro grande destaque do remaster da Activision fica para os belos gráficos. Mais de vinte anos e quatro gerações de consoles se passaram, então, nada mais justo que o visual do título esteja totalmente deslumbrante, seja no cenário ou na fluidez em que Tony Hawk e seus amigos fazem manobras.
Os skatistas também estão bastante realistas e detalhados, e até as quedas estão mais naturais e reais no novo jogo, por exemplo: dependendo do jeito que o personagem “se machucar”, ele ou ela irão demorar mais tempo para levantar do chão. Além disso, os mapas clássicos da franquia ganharam texturas em alta definição e efeitos visuais dignos de um título da nova geração.

E logo quando você iniciar ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’, o jogo oferece um tutorial (grande, até) para aprender o básico ou relembrar os movimentos. E acredite: por mais que você tenha sido um ótimo jogador, talvez você queira dar uma olhadinha no “manual de instruções”. Além do leque de manobras gigantesco e da decisão entre usar ou o analógico ou as setas direcionais, o gameestá um pouco mais difícil do que costumava ser em 1999…
Isso ocorre, pasmem, exatamente por conta da remasterização. A Activision deixou os controles mais sensíveis ao toque e a resposta de ação/reação muito mais ágil, então pode demorar um pouco até você se acostumar com o gameplay da adaptação. E apesar das manobras serem feitas a partir das combinações de quadrado/X, triângulo/Y e bolinha/B, a lista de truques que dá para fazer em cima do skate é extensa. Então, vá com calma e pegue um pouco das “manhas” do jogo antes de partir para outros modos e desafios.
Claro que há sempre a opção de “sair por aí” em freestyle – pulando e vendo no que dá. Contudo, aprender algumas sequências plásticas no ar e ver que somou um combo de 50 mil pontos ou mais é sensacional, da mesma forma que ver 10 mil ou 100 mil pontos indo embora porque você caiu no chão é igualmente frustrante.

Outro detalhe que pode ser empecilho em um título que beira a perfeição é a movimentação da câmera. Não importa o que você fizer, ela rapidamente voltará ao centro do personagem, forçando o jogador a ir na direção que deseja visualizar melhor. Nada que um simples “toque de desativar” aqui não resolvesse, mas enfim…
Falando sobre personagens, são 21 skatistas jogáveis, no total (existem também os secretos, que podem ser desbloqueados). O destaque, claro, para os experientes Tony Hawk, Eric Koston, Elissa Steame e o brasileiro Bob Burnquist, além de novos rostos como Nyjah Huston, Leo Baker e Leticia Bufoni, também brasileira. Senti falta somente de Bam Margera, eterno rival do protagonista que sempre aparecia nos jogos da série (alô, Activision, inclui ele em uma DLCaí, por favor).
O bacana aqui é que cada esportista tem as próprias características e atributos diferenciados: alguns são melhores no aéreo, outros mantém melhor o equilíbrio nos corrimãos, sem falar dos personagens que possuem suas próprias manobras especiais. Mas não se preocupe: a escolha afeta muito pouco a jogabilidade, visto que a medida em que jogamos e cumprimos desafios, ganhamos pontos para melhorar quem e onde achamos que devemos. Um acerto para o conceito de estratégia particular.

Oupgradena repaginação visual de ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’ também deu as caras no menus do game. As telas básicas dos jogos originais foram abandonadas por uma nova versão mais intuitiva. A escolha entre as pistas de ‘Pro Skater 1’ ou ‘2’, a seleção de skatistas, as opções de personalização, os desafios e perfil do jogador, além do acesso às opções gerais ficaram com um estilo muito mais moderno e prático.
E não posso deixar de falar do aspecto mais icônico da franquia, que volta com tudo no remaster: a trilha sonora. As músicas presentes nos vários títulos sempre foi um dos fatores mais marcantes para os fãs e, aqui, não poderia ser diferente, visto que a lista de hits não só está praticamente intacta, como abre espaço para novas faixas.
O lançamento retorna com os clássicos que marcaram época nas versões originais do game, como ‘No Cigar’, de Millencolin, ‘Superman’, de Goldfinger, ‘When Worlds Collide’, de Powerman 5000 e tantas outras. Quer hits atuais? Há “Bloody Valentine”, do rapper Machine Gun Kelly, além da gloriosa inclusão de ‘Confisco’, da banda brasileira Charlie Brown Jr – feito possível somente após o apelo dos fãs brasileiros e “uma forcinha” de Bob Burnquist.

Outro ponto de sucesso de ‘Tony Hawk’s Pro Skater 2’ que retorna é o editor/criador de pistas, dessa vez mais robusto e fácil de usar. Abuse da criatividade e tempo para desenvolver o seu próprio cenários, usando vários objetos, rampas e corrimãos, além de peças especiais, como loops e saltos gigantes. E o mais legal do modo é que, quando prontas, as pistas personalizadas podem ser compartilhadas on-line com todo o mundo. Uma boa sacada da Activision para manter o título atualizado por muito tempo.
E também como o segundo gameda série, é possível criar o seu próprio personagem – inclusive para jogar a campanha principal. Uma das principais novidades para a possibilidade de fazer novos skatistas foi a inclusão de uma loja de roupas, onde os jogadores podem gastar o dinheiro obtido no jogo em diversas peças de marcas famosas, como camisetas, bonés, tênis e até shapes para o skate. Lembrando que alguns itens são desbloqueados em níveis mais avançados, ou seja, você vai ser obrigado a jogar mais e mais para ganhar roupas mais legais.
As opções de personalização dos skatistas criados, no entanto, só têm um estilo de corpo disponível, não sendo possível alterar peso ou altura. E os skatistas profissionais como Tony, Bob ou Nyjah não podem ter roupas ou acessórios alterados, sendo limitados a três skins pré-estabelecidas que acompanham o título – uma padrão e outras duas a serem desbloqueadas em desafios.

Uma outra novidade é o modo on-line de ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1+2’, que mira a nova geração de jogadores e estende a vida útil do game. Dentro das sessões, há diversos jogadores, que andam pelas pistas simultaneamente enquanto novos desafios são propostos – como corridas por pontuações altas ou realização de combos diversos, tal qual a campanha principal do jogo.
Veredito: vale a pena?
‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’ atua perfeitamente em duas frentes: a de resgate da franquia, que há tempos estava esquecida pela indústria, mas também em apresentar um jogode skate para a nova geração de consoles e gamers. Em uma era na qual o sucesso do gênero multiplayer é tão grande que até enjoa, o título da Activision é um exemplo a ser seguido quando o assunto é remasters.
E você pode não gostar ou não saber andar de skate, mas vai se divertir demais, seja com as jogatinas, os desafios a serem cumpridos, a criação de personagens e pistas/cenários (alô, fãs de ‘Minecraft‘, eis um desafio), o modo on-line ou apenas com a marcante trilha sonora. É o jogo perfeito para saudosistas que desejam matar a saudade do clássico, ou para novos jogadores que buscam algo diferente.

Em suma, ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’ é certeiro e marca um retorno triunfal da franquia. “Os bons tempos”, talvez, não voltem mais – por isso que nostalgia vende tanto -, porém é possível, na medida, reviver algo que trouxe tanta felicidade no passado e que pode voltar a ser grande no futuro…
Disponível desde setembro de 2020 para PlayStation 4 (PS4),Xbox One e PC (via Epic Games), ‘Tony Hawk’s Pro Skater 1 + 2’ chegou recentemente, no fim de março, ao PlayStation 5 (PS5) e os Xbox Series XeS. Os fãs de Nintendo Switch, no entanto, terão que aguardar até 25 de junho para fazer algumas manobras.
O título está inteiro em português do Brasil, incluindo a dublagem. Confira o trailer do jogo abaixo:
* Para a realização desta análise, a Activisionconcedeu uma cópia de PlayStation 5 (PS5) do jogo ao Dragon Tiger Luck.
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