ANASA e a Roscosmos – respectivamente, as agências espaciais dos EUA e da Rússia – estão negociando a possibilidade de permitir que a SpaceX acople suas naves no módulo russo Prichal, parte da Estação Espacial Internacional (ISS).

OPrichal – palavra que, em russo, traduz-se para “cais” ou “porto” – é o mais recente (para não dizer o último) módulo que a Roscosmos integrou à ISS. Contudo, normas diplomáticas fazem com que ele receba apenas naves cargueiras vindas do programa espacial Russo, como, por exemplo, os cargueiros Progress e espaçonaves tripuladas Soyuz.

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Entretanto, isso pode mudar no futuro, de acordo com tuíte publicado por Raffaele Di Palma, engenheiro espacial que atua com o programa DOUG (ou “Dynamic Onboard Ubiquitous Graphics”) da NASA. A postagem no Twitter cita um link que leva a página da Roscosmos, com um comunicado oficial confirmando as conversas.

“No momento, a NASA e a Roscosmos iniciaram negociações sobre a harmonização dos padrões técnicos”, disse Dmitry Rogozin, diretor geral da agência espacial russa. Ele ainda explicou que, no caso da nave Crew Dragon, da SpaceX, a acoplagem ao módulo russo na ISS exigiria um “adaptador especial”, sem detalhar muito esta parte. Vale lembrar que a ISS conta com algumas portas de acoplagem equipadas com um “IDA” (ou “International Docking Adapter”), que serve justamente a esse propósito. Nenhuma dessas portas, contudo, é russa.

É justamente essa questão do adaptador que está sendo conversada pela NASA e pela Roscosmos: embora o IDA seja, em si, um ajuste às diferenças de parâmetros técnicos entre as portas do módulo russo e as naves norte-americanas, ele sozinho não seria suficiente, então uma segunda adaptação provavelmente teria que ser construída e lançada, para ser instalada na parte russa da ISS. É provável que a Roscosmos receba alguma compensação por isso, mas “o que” exatamente ela seria deve ser parte da discussão entre as agências.

Usar o Prichal como uma espécie de “zona portuária” no espaço faz sentido: o novo módulo russo tem seis portas de acoplagem, sendo que, no momento, apenas uma está em uso – aquela que o conecta ao módulo científico Nauka, usado pelos cosmonautas russos Pyotr Dubrov e Anton Shkaplerov, que ocupam a ISS junto de outros astronautas da NASA e ESA, a agência espacial europeia.

No lado americano, permitir a instalação de mais um IDA na ISS facilitaria muito a vida da NASA. Ainda que a agência não tenha muitas naves com as quais se preocupar – atualmente apenas a SpaceX (com a Crew e a Cargo Dragon) tem capacidade operacional de voo até a estação – a agência ocidental tem que ser minuciosa no agendamento de voos de entrega de carga e, não raro, manobras de readequação de trajetória e reorientação de naves são comuns para acoplagens apenas nos lados “não russos” da estação.

Entretanto, as naves Cygnus (Orbital ATK) e Dreamchaser (Sierra Nevada Corporation) também fazem entregas ocasionais como fornecedoras de transporte da NASA, e o ritmo delas deve aumentar em 2022 e além. Com o perdão do trocadilho, um terceiro módulo equipado com o IDA permitiria à agência norte-americana abrir espaço no espaço.

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