Nas últimas duas missões da cápsula Dragon, produzida pela SpaceX para a Nasa, uma aparente falha aconteceu no momento mais crítico do pouso: um paraquedas abriu bem depois dos outros.

Isso é bem visível na transmissão ao vivo do retorno da equipe de astronautas da missão Crew-2 à Estação Espacial Internacional, em 8 de novembro passado: dos quatro paraquedas, apenas três abrem imediatamente.

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A abertura ocorre em 1:06:08 no vídeo acima. O quarto paraquedas leva exatos 75 segundos extras para se abrir. No dia 24 de janeiro, aconteceu de novo. No retorno de uma missão não tripulada, que não foi transmitido ao vivo, o mesmo aconteceu. Dessa vez foram 63 segundos de atraso.

A agência e a empresa estão tentando descobrir o que aconteceu. Segundo um comunicado oficial da Nasa emitido ontem, a demora pode ser um “artefato da aerodinâmica” do sistema de paraquedas. Isto é, algo dentro do esperado no projeto.

Steve Stich, o gerente do programa comercial da Nasa (isto é, a integração com empresas privadas como a SpaceX) explicou em detalhes: “Esse fenômeno do atraso do paraquedas é algo que a gente vê com esses paraquedas grandes anelares (ringsail, tipo usado em velocidades supersônicas). O que a gente acha — e é apenas uma teoria no momento — é que aerodinamicamente os outros três podem criar uma “sombra” aerodinâmica, se assim podemos dizer, sobre o outro, e ele demora para inflar às vezes”.

Paraquedas não deve atrasar próxima missão da Nasa

Stich diz que o fenômeno já havia sido observado em missões comerciais anteriores. Também que a agência e empresa estão agora investigando o problema antes das próximas missões.

Mas, ao mesmo tempo, também diz que não houve nenhum risco no que aconteceu. “Se você observar os dados, não vai nem notar que um dos paraquedas na missão Crew-2 ou CRS-24 (a de carga) atrasou”, afirmou Bill Gerstenmaier, vice-presidente de qualidade em construção e voo da SpaceX. “Se você olha para os dados da descida, parece que foi só um retorno normal com quatro paraquedas.”

Segundo o executivo, mesmo sem abrir, o quarto paraquedas ainda assim causou desaceleração. Ele também afirma que, mesmo na falha total de um dos paraquedas, o projeto prevê um pouso sem dificuldades.

“Isso será investigado detalhadamente. Usaremos isso como um outro ponto de dados para ver se podemos ficar mais informados sobre como esses sistemas operam para termos certeza de que, sim, essa é a operação nominal desse sistema de quatro paraquedas, ou talvez que há algo diferente acontecendo aqui.”

Segundo a agência e a empresa, o próximo lançamento de uma missão tripulada, previsto para 15 de abril, não deve sofrer atraso por causa da investigação.

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